O que é ética?
Somos abastecidos por crenças e valores pessoais que nos estimulam ou prendem em determinados momentos. Esses valores e crenças nós adquirimos ao longo de nossa história, desde o nosso nascimento, e são transmitidos por pais, amigos, parentes e familiares mais próximos. Esse conjunto torna-se praticamente nosso jeito de ser e de agir. Nossos valores são tudo aquilo que acreditamos ser certo, independentemente da ética, que faz parte de um conjunto de valores estipulados pela sociedade.
Diz a Wikipédia:
A palavra “ética” vem do grego ethos e significa aquilo que pertence ao “bom costume”, “costume superior”, ou “portador de caráter. Princípios universais, ações que acreditamos e não mudam independentemente do lugar onde estamos.
Diferencia-se da moral pois, enquanto esta se fundamenta na obediência a costumes e hábitos recebidos, a ética, ao contrário, busca fundamentar as ações morais exclusivamente pela razão
A ética pode ser definida como a ciência que estuda a conduta humana e a moral e a qualidade desta conduta, quando se julga do ponto de vista do Bem e do Mal.
A ética também não deve ser confundida com a lei, embora com certa frequência a lei tenha como base princípios éticos. Ao contrário do que ocorre com a lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a estas; por outro lado, a lei pode ser omissa quanto a questões abrangidas no escopo da ética.
Um dos filósofos importantes a tratar do tema “Ética”, foi Aristóteles, que, em sua obra Ética a Nicômaco, trouxe o primeiro tratado sobre o agir humano na história. Nesse livro, Aristóteles nos traz a preocupação de seu pai com a educação e felicidade de seu filho. Também tem como objetivo que as pessoas pensem sobre suas ações, colocando, assim, a razão acima das paixões. Trata também da importância da felicidade, não só individual, mas também coletiva, porque o ser humano vive em sociedade.
Para que serve a ética?
A ética serve como agente de conduta consciente, ou seja, permite que se saiba a diferença entre o bem e o mal. A consciência moral permite à pessoa não só conhecer estas diferenças, mas também ser capaz de julgar o valor dos atos e das condutas e agir conforme os valores morais. Na consciência moral a pessoa pode analisar o contexto, as alternativas possíveis e, a partir daí, definir o melhor curso de ação, assumindo a responsabilidade pelas consequências dessa ação – para si e para os outros.
O campo ético, podemos dizer, é constituído de valores e obrigações que formam o conteúdo das condutas morais, as virtudes. Uma forma de conhecer as virtudes é fazer o teste da Psicologia Positiva, de Martin Seligman, que permite perceber onde estão as 24 características e as categorias de virtude da pessoa.
A pessoa ética ou moral:
1) é consciente de si e dos outros;
2) é dotada de vontade, sabendo controlar seus impulsos, tendências e sentimentos;
3) é responsável, ou seja, assume a autoria de seus atos, atitudes, sem culpar o outro por aquilo que faz e arca com suas consequências;
4) é livre, dando a si as regras de conduta sem se submeter a poderes externos que a obriguem ou forcem a sentir, querer ou fazer alguma coisa.
Muito poderíamos falar sobre a ética de um modo geral, porém vamos nos concentrar na ética nas condutas do coach.
A ética do coach
Em nossa percepção, a ética na formação de coaches – bem como as competências – é de suma importância. Eu pude participar de várias formações em que, antes de iniciar o estudo das metodologias de coaching em si, tínhamos um módulo somente para trabalhar estes dois temas importantíssimos, incorporando de forma efetiva tanto as competências como a ética. Como neste artigo estamos falando de ética, focarei apenas este tema.
De um modo geral, a ética do coach é muito parecida nas mais diversas escolas; estas abordam as regras de conduta do coach, dentre elas: zelar pela integridade, credibilidade, excelência, respeito, parceria, autodesenvolvimento contínuo, honestidade e colaboração.
Para o coach, a ética não é diferente da de nenhum outro profissional, porque na ação humana temos o fazer e o agir e ambos estão interligados. O fazer diz respeito à competência do profissional e à realização de um bom trabalho, ou seja, o quanto ele é eficiente naquilo que faz. O agir diz respeito à forma de conduta do profissional – suas atitudes e comportamentos ao desempenhar seu papel.
Embora o Ministério do Trabalho ainda não tenha regulamentado a profissão de coach, este profissional também deve seguir uma linha de conduta.
Faz parte da atuação do coach prestar atenção à sua conduta profissional como um todo, tendo clareza de seu papel e seus limites; deve estar atento a possíveis conflitos de interesse e ter clareza dos papéis, assim como trabalhar com contrato de prestação de serviços, estabelecendo limites do acordo de confidencialidade entre as partes envolvidas. É preciso também que o profissional mantenha uma educação continuada na área de coaching e afins para seu autodesenvolvimento, buscando a excelência em seus serviços, contribuindo para o desenvolvimento do coaching e respeitando as leis e regras do país no qual esteja atuando, das escolas que tenha cursado e das entidades de classe local ou internacional das quais seja membro.
O coach também deverá zelar pelas verdadeiras informações a respeito de si mesmo e do coaching, jamais utilizando seus conhecimentos para prejudicar outro ser humano, seja ele cliente ou não. O coach jamais pode prometer o que não poderá cumprir. É de suma importância que ele explique a diferença entre coaching, mentoring, aconselhamento e consultoria e esclareça que o coaching é um processo totalmente voluntário.
Complementando alguns itens da visão da ABRAPCOACHING:
• Coaching: Coaching é fazer uma parceria com os clientes em um processo estimulante e criativo que os inspira a maximizar o seu potencial pessoal e profissional.
• Um relacionamento profissional de coaching: Um relacionamento profissional de coaching existe quando o coaching inclui um acordo ou contrato formal que define as responsabilidades de cada parte.
• Um Coach Profissional da ABRAPCOACHING: Um Coach Profissional da ABRAPCOACHING também concorda em praticar as Competências Profissionais Principais da ABRAPCOACHING e está comprometido em agir de acordo com o Código de Ética da ABRAPCOACHING.
• Cliente: O “cliente” é a pessoa ou são as pessoas que estão passando pelo processo de coaching.
• Responsável: O “responsável” é a entidade (incluindo representantes) que paga e/ou contrata a prestação de serviços de coaching.
• Contrato: É importante que tanto o coach como o cliente cumpram com todas as cláusulas e termos do Contrato de Coaching, acordado previamente entre as partes.
Os Padrões ABRAPCOACHING de Conduta Ética
Preâmbulo:
Os Coaches Profissionais da ABRAPCOACHING aspiram conduzir a si mesmos de tal maneira que sua conduta se reflita positivamente na profissão de coaching; respeitam as diferentes abordagens de coaching e reconhecem que também estão vinculados às leis e regulamentações aplicáveis.
Seção 1: Conduta Profissional Em Geral Como um coach:
1) Eu não farei conscientemente qualquer afirmação pública que seja falsa ou enganosa sobre o que eu ofereço como coach, nem farei declarações falsas em quaisquer documentos escritos relacionadas à profissão de coach, ao meu credenciamento ou à ABRAPCOACHING;
2) Eu identificarei precisamente as minhas qualificações, especialização, experiência, certificação e credenciamento à ABRAPCOACHING como coach;
3) Eu reconhecerei e honrarei os esforços e as contribuições dos outros e não os atribuirei a mim mesmo; eu compreendo que a violação deste padrão pode acarretar que eu seja punido judicialmente por terceiros;
4) Eu irei, sempre, lutar para reconhecer problemas pessoais que possam dificultar, entrar em conflito ou interferir no meu desempenho como coach ou nos meus relacionamentos profissionais de coaching. Sempre que os fatos e circunstâncias demandarem, eu procurarei prontamente uma assistência profissional e determinarei a ação a ser realizada, incluindo se é ou não apropriado que eu suspenda ou termine o(s) meu(s) relacionamento(s) de coaching;
5) Eu conduzirei a mim mesmo de acordo com o Código de Ética da ABRAPCOACHING em todas as atividades de treinamento, monitoramento e de supervisão de coaching;
6) Eu realizarei e relatarei pesquisas com competência, honestidade e dentro de padrões científicos reconhecidos e sujeitos às diretrizes aplicáveis. Minhas pesquisas serão realizadas com o consentimento e a aprovação necessários das pessoas envolvidas e com uma abordagem tal que proteja os participantes de qualquer risco em potencial. Todos os esforços de pesquisa serão realizados de maneira conforme a todas as leis aplicáveis do país no qual a pesquisa estiver sendo realizada;
7) Eu manterei, armazenarei e descartarei quaisquer registros feitos durante o meu trabalho como coach de maneira que promova a confidencialidade, segurança e privacidade, e em conformidade com quaisquer leis e acordos aplicáveis;
8) Eu usarei as informações para contato (e-mail, endereço, números de telefone, etc.) com os membros da ABRAPCOACHING apenas da maneira e até os limites permitidos pela ABRAPCOACHING.
Seção 2: Conflitos de Interesse Como um coach:
9) Eu procurarei evitar conflitos de interesse e potenciais conflitos e interesse e divulgarei abertamente quaisquer destes conflitos. Eu irei propor a minha própria retirada quando tais conflitos ocorrerem;
10) Eu divulgarei ao meu cliente e ao seu responsável toda a remuneração de terceiros que eu poderei vir a ter que pagar o receber por assuntos relacionados àquele cliente;
11) Eu somente farei permutas por serviços, mercadorias ou remuneração não-monetária quando isto não prejudicar o relacionamento de coaching;
12) Eu não obterei, conscientemente, qualquer vantagem ou proveito pessoal, profissional ou monetário do relacionamento de coaching, exceto pela forma de remuneração presente no acordo ou contrato. Seção 3: Conduta Profissional com os Clientes Como um coach:
13) Eu não deverei, conscientemente, fazer declarações enganosas ou falsas sobre o que o meu cliente ou responsável receberam do processo de coaching ou de mim como coach;
14) Eu não darei aos meus possíveis clientes ou responsáveis informações ou conselhos que eu acredito que sejam enganosos ou falsos;
15) Eu terei acordos ou contratos claros com os meus clientes e responsáveis. Eu honrarei todos os acordos ou contratos feitos no contexto de relacionamentos profissionais de coaching.
16) Eu explicarei cuidadosamente e lutarei para garantir que, antes do encontro inicial, o meu cliente e o responsável compreendam a natureza do coaching, a natureza e os limites da confidencialidade, dos acordos financeiros e quaisquer outros termos do acordo ou contrato de coaching;
17) Eu serei responsável por definir elos claros, apropriados e adequados à cultura no que diz respeito a qualquer contato físico que eu possa vir a ter com os meus clientes e responsáveis;
18) Eu não manterei relações sexuais íntimas com qualquer um dos meus clientes ou responsáveis;
19) Eu respeitarei o direito do cliente de terminar o relacionamento de coaching em qualquer momento durante o processo, sujeito ao que foi estabelecido no acordo ou contrato. Eu estarei alerta às indicações de que o cliente não mais está sendo beneficiado pelo nosso relacionamento de coaching;
20) Eu encorajarei o cliente ou o responsável a fazerem uma troca caso eu acredite que eles seriam mais beneficiados por outro coach ou por outro recurso;
21) Eu sugerirei ao meu cliente que busque os serviços de outros profissionais quando eu avaliar como necessário ou apropriado. Seção 4: Confidencialidade/Privacidade Como um coach:
22) Eu manterei os mais estritos níveis de confidencialidade com todas as informações do cliente e do responsável. Eu terei um acordo ou contrato claro antes de divulgar informações à outra pessoa, a menos que isto seja requerido por lei;
23) Eu terei um acordo claro sobre como a informação do coaching será trocada entre o coach, o cliente e o responsável;
24) Ao agir como treinador ou estudante de coaching, eu irei esclarecer políticas de confidencialidade com os estudantes;
25) Eu farei com que coaches associados e outras pessoas com as quais eu tenho contato no serviço com os meus clientes e responsáveis estejam em condições de, voluntariamente, fazer acordos claros ou contratos para aderir à Parte Dois, Seção 4 do Código de Ética:
Padrões de Confidencialidade/Privacidade e a todo o Código de Ética da ABRAPCOACHING nos limites aplicáveis.
Parte Três: O Juramento de Ética da ABRAPCOACHING
Como coach profissional, eu reconheço e concordo em cumprir as minhas obrigações éticas e jurídicas com os meus clientes, responsáveis e colegas, e com o público em geral. Eu juro cumprir o Código de Ética da ABRAPCOACHING e praticar estes padrões com aqueles com os quais eu trabalho como coach.
Se eu violar este código de ética, ou qualquer parte dele, eu concordo que a ABRAPCOACHING, em seu único julgamento, poderá responsabilizar a mim pelas minhas ações. Eu concordo, ainda, que a minha responsabilidade com a ABRAPCOACHING por qualquer violação pode incluir sanções tais como a perda do meu status de membro e/ou do meu Credenciamento à ABRAPCOACHING.
Bibliografia
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Martin Claret, 2001.
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000.